quarta-feira, 21 de novembro de 2012


         Mais uma festa em um dos muitos clubes da cidade, todos sem sentido devido a grande quantidade de bebida que já ingeriram. Eu havia bebido apenas dois copos de uísque, mas quando te vi achei que sua beleza era efeito do álcool em meu cérebro. Você apenas sorria misteriosamente, se deixando balançar ao ritmo da música que tocava.
         Califórnia King Bed fazia com que seus cabelos que chegavam até a cintura, balançassem de uma maneira que me deixava tonto. Pisquei os olhos mais de três vezes pra ter certeza de que você era real e não fruto da minha imaginação perturbada ou quem sabem um truque do desejo.
          Ruiva, de olhos verdes, e roupa que fazia contraste com a sua pele. Tive a impressão de que todas as luzes da festa conspiravam a teu favor, realçando algo em você que ainda não consigo descrever. Um brilho que refletia longe, chegando até os meus olhos. Eu poderia tentar a sorte e me aproximar, pois não havia nada que me dissesse pra não me apaixonar por você naquele instante.
       Você me parecia tão segura de si, que temi que não estivesse sozinha. Afinal, alguém com o teu sorriso não poderia estar melancolicamente triste. Isso! Você se bastava e esse era o teu segredo o tempo todo. Não existia aquela necessidade da presença de uma outra pessoa pra te preencher. A música acabou e vejo você olhar ao redor, como se estivesse à procura de algo. Sua presença me deixou desconcertado a ponto de não conseguir me concentrar para descobrir qual o novo hit que estava tocando.
     Como em um conto de fadas o encanto foi quebrado logo que o garçom a fim de me oferecer mais um drink se posicionou à minha frente, impedindo que eu pudesse perceber que você estava de saída, já que os meus olhos te procuraram por todos os cantos em meio à multidão e não te encontraram. A cadeira mais próxima foi à única solução para o meu desalento por perceber que você se foi.
      Será que se eu não tivesse recusado as outras doses de uísque que me ofereceram, essa história deixaria de ser apenas uma lembrança de um sábado à noite em uma festa qualquer? O anseio me impediu de descobrir se eu seria suficientemente capaz de um dia ser o motivo dos seus sorrisos.


 
Parceria: Everton Moraes

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pedaços de um amor que não chegou ao fim.

       
       É dois de abril e como em todos os anos que se seguiram depois que te conheci e sem querer te vi partir, sabia que não seria fácil. Acordar e sair novamente à procura de algo que te trouxesse pra mais perto de mim não é uma tarefa agradável, já que todas as buscas são feitas em vão. Berlim te levou pra longe. Sim, eu sei que você almejava uma bolsa de estudos fora e uma oportunidade como essa não poderia ser desperdiçada. Mas e eu? Bem, eu fiquei aqui, toda despedaçada. Cada vez que algo me lembrava você, sentia como se estivessem arrancando partes de mim e jogando ao vento.
      Não foram poucas as vezes em que pedi a Deus pra que você também estivesse pensando em mim ou que pelo menos, ao ouvir a nossa música, ainda sentisse aquele arrepio bom que surgia toda vez que nos abraçávamos. Depois, passei a desejar que alguém - qualquer alguém - estivesse andando por aí e por acaso juntasse os meus pedaços e me remontasse, trazendo de volta tudo que você levou. Qualquer alguém que não estivesse na Alemanha.