sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pedaços de um amor que não chegou ao fim.

       
       É dois de abril e como em todos os anos que se seguiram depois que te conheci e sem querer te vi partir, sabia que não seria fácil. Acordar e sair novamente à procura de algo que te trouxesse pra mais perto de mim não é uma tarefa agradável, já que todas as buscas são feitas em vão. Berlim te levou pra longe. Sim, eu sei que você almejava uma bolsa de estudos fora e uma oportunidade como essa não poderia ser desperdiçada. Mas e eu? Bem, eu fiquei aqui, toda despedaçada. Cada vez que algo me lembrava você, sentia como se estivessem arrancando partes de mim e jogando ao vento.
      Não foram poucas as vezes em que pedi a Deus pra que você também estivesse pensando em mim ou que pelo menos, ao ouvir a nossa música, ainda sentisse aquele arrepio bom que surgia toda vez que nos abraçávamos. Depois, passei a desejar que alguém - qualquer alguém - estivesse andando por aí e por acaso juntasse os meus pedaços e me remontasse, trazendo de volta tudo que você levou. Qualquer alguém que não estivesse na Alemanha.
     Às vezes me pergunto se não manter contato realmente ajudou-nos em algo. Talvez pra você tenha sido mais fácil, mas juro que não foram poucas às vezes em que quis fazer as malas e sair à procura de você. Ah, foram tantas as noites sem dormir, tantas festas as quais recusei ir e tantos os homens a quem neguei um beijo, por medo de ter que vê-los partir, assim como tive que ver você sair por aquela porta deixando apenas uma incerteza de quando voltaria. Tenho a impressão de que nunca deixarei de ser sua.
     São 06:30hrs da manhã, é dois de abril e já se fazem três anos que não nos vemos. É inevitável não olhar para o celular de cinco em cinco minutos, só pra conferir se não há nenhuma chamada de um número desconhecido, imaginando que possa ser você do outro lado da linha, me avisando que vai subir. Isso mesmo, ainda moro no mesmo prédio, tenho o mesmo número, as mesmas manias e o mesmo jeito doce que tanto te encantava.
      Estou escrevendo esta carta com a certeza de que você nunca irá ler, já que nunca chegará em suas mãos. É mais uma maneira de te fazer presente, pois lembro bem do teu sorriso ao dizer que adorava me ver escrever.
      Espere! O celular está tocando. Meu coração se descompassou de repente. Será você?
      Ah não. É somente o despertador avisando que está na hora de levantar e enfrentar mais um dois de abril.

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