terça-feira, 24 de junho de 2014

- Então, quer casar comigo?- Claro! Claro que sim. 

        Noite a fora, um anel, muitos sorrisos, abraços, carinhos, planos e declarações de amor. Viagens, lugares, cores, pessoas, um misto de alegria e ansiedade. Música calma e tudo parece ser a gravação de um filme. Uma noite não dormida, com 4 pés em uma cama. Hora de ir embora, o dia amanheceu e a vida pede urgência.
        Abrir a porta, olhar no espelho e encarar a realidade. Me lembro de ter visto em algum lugar, nossas vidas passando pela mente como um flash, no momento da morte. Mas eu não estou morrendo. O que há de errado? A resposta não parece estar em lugar nenhum. 
        Não queria dizer que não, mas também não podia ter dito que sim. Essa palavra obriga as pessoas a serem felizes o tempo todo, a criarem uma rotina completamente sufocante e não sei se eu consigo. Na verdade, eu não quero.  Isso me remete a outra confusão, porque eu sempre quis ser feliz o tempo todo, ter uma rotina - não sufocante, mas pelo menos ter uma - dormir e acordar ao lado de alguém. Que alguém? 
        Gostaria de ser mais precisa nas minhas decisões, ter mais certeza das coisas que eu quero, das coisas que eu sei...
        Tenho vontade de ser imensa, mas que eu ainda caiba no mundo. Tenho vontade de beber todos os drinks de todos os bares e permanecer sóbria, dançar todas as músicas sem nunca me cansar, conhecer todas as pessoas, sem esquecer quem sou eu. Conhecer os mesmos lugares pela primeira vez, de novo e de novo.  Fazer viagens que durem um mês ou mais, sozinha ou com amigos. É tudo tão solto.
        Queria um pouco de distância para silenciar minha mente e embora cigarros sejam bonitos apenas em fotos,  um ou outro me ajudaria agora.

Noite clara e céu de estrelas. 02 de abril.

- Filha, está pronta?
O vejo sorrindo através da janela e percebo que não há drinks, pessoas diferentes ou lugares novos, muito menos cigarros. Somos somente eu, ele e (...)
 - Claro. Claro que sim.
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Co-autor: Everton Souza de Moraes